DJ inteligente?

Na onda de Inteligência Artificial que faz até o papa vestir casaco puffer, Spotify lança novo recurso

DJ é músico? No começo dos anos 2010, esta era um bate-papo acalorado nas mesas de bares, jornais, fóruns da internet. Quem edita e recria uma música já inventada tem direito autoral reservado sobre ela ou sobre seu trabalho?

Pois bem. Os anos se passaram e a coisa evoluiu. A profissão não apenas foi regulamentada pelo Senado ainda em 2011, como também entrou para a lista daquelas virtualmente “ameaçadas pelos perigos” da inteligência artificial – a tão comentada IA.

Isso porque o Spotify, aquele famoso tocador de música inventado na Suécia, agora também tem o seu próprio DJ.

Muito mais do que ouvir aquela listinha de músicas que você criou junto com o crush, a opção DJ do logo verde vai interagir com você, como se você estivesse ouvindo rádio. Prepare-se para ouvir uma vozinha de locução te dizendo de quem é aquela música, quando foi gravada e outras informações assim.

Aí é que entram as facilidades do IA: o seu histórico de navegação na plataforma, as músicas que você mais toca ao longo do seu dia, em diferentes ritmos, vão ser a base para as sugestões do seu dj personalizado. Sabendo que você já ouve um pagodão todo domingo durante o churrasco, o tocador automaticamente vai soltar a trilha sonora toda vez que você abrir o aplicativo naquele dia e ir para opção.

Algo como se ele ajudasse você a escolher seu próximo pedido da pizzaria ou a próxima série a maratonar na Netflix. O Spotify DJ é uma opção já disponível na versão da plataforma para os Estados Unidos e Europa, ainda sem previsão de quando chegará ao Brasil. Se você estiver por lá, veja aqui como acessar.

Polêmicas artificialmente inteligentes

Mas nem tudo são facilidades neste mundo de inteligência artificial, não é mesmo? As polêmicas criadas por aplicações que simulam uma realidade que não é a nossa já invadiram todos os setores da nossa vida. Muito além de criar fotos que não existem (como o Jesus fazendo aquela selfie com os apóstolos), IA polemiza como uma séria ameaça para o fim de uma lista grande  de empregos como o deste blogueiro, jornalistas, publicitários, profissionais de recursos humanos, cineastas, músicos e até médicos. Isso pra ficar apenas no campo das profissões.

Quando a gente fala de arte, a parada vai para além das imagens em 3D.

Usando recursos de IA para recriar os vocais do Liam Gallagher, a banda Breezer inventou um que seria um álbum perdido na discografia do Oasis. Chamado de Aisis, o “disco” tem todas as bases sonoras produzidas pela própria e foi bastante comentado por fãs e pelos membros da própria banda homenageada. “É melhor do que todas as outras porcarias lá fora”, escreveu o Liam nas mídias sociais. []

“AISIS é um álbum de conceito de realidade alternativa onde a formação da banda entre 1995 e 1997 continuou a escrever música, ou talvez todos se reuniram anos depois para escrever um disco semelhante aos primeiros 3 álbuns”,

declararam os caras do Breezer.

E o Heart on my sleeve, você soube? Este, embora tenha confundido uma série de fãs, não teve a mesma graça que o álbum homenageando o Oasis.

Nem o mesmo sucesso.

A música usou vocais do Drake e do The Weekend para inventar uma canção artificialmente em parceria entre os dois músicos. Além de os caras não terem sido previamente avisados do projeto, a letra da música comentava sobre a relação entre a Selena Gomes e Abel Tesfaye, o próprio The Weekend. A Universal Music, que é detentora dos direitos autorais dos dois artistas, entrou em ação e pediu a remoção do áudio de lugares como Spotify, Deezer, Apple Music, TikTok e Youtube. Antes de ser deletada, a música já tinha gerado mais 600 mil reproduções no player verde; e mais de 8 milhões de vezes ouvida só no TikTok.

E você? Tá pronto para a inteligência artificial?

Com informações de Isto É, Techchunch, Rolling Stone, O Estado RJ e UOL.

A foto é Unsplash.com e Midjourney.